UNIVERSIDADE
LUTERANA DO BRASIL
PRÓ-REITORIA
DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA
DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Credenciado
pela CAPES, Parecer CNE/CES n.º 1.334/2001 aprovado em 12 de dezembro de 2001
Homologado
pela portaria MEC 467 de 22 de fevereiro de 2002 (D.O.U. Seção I, 25/02/2002)
“PREVALÊNCIA
DE CONSTIPAÇÃO INTESTINAL NA POPULAÇÃO DA VILA SÃO FRANCISCO II”
Dissertação
de Mestrado apresentada no Curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da
Universidade Luterana do Brasil - RS, para obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva
ALUNO
(A): JAIRO GUS
ORIENTADOR
(A): PROF. DR. RICARDO HALPERN
ÁREA
DE CONCENTRAÇÃO: ATENÇÃO À SAÚDE
LINHA
DE PESQUISA: SISTEMAS DE SAÚDE E ATENÇÃO PRIMÁRIA
CANOAS
/ 2003
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Ricardo Halpern, meu
orientador e amigo, que me deu condições para tornar este trabalho uma
dissertação de mestrado.
Aos Professores do Curso de Mestrado da Saúde
Coletiva os quais nos instigaram a desenvolver nossas aptidões acadêmicas e
nos mostraram o espírito científico durante o curso.
Aos meus colegas do Curso de Mestrado,
pois juntos nos incentivamos a seguir o caminho que nos permitiu este
crescimento científico, propiciando chegar finalmente à conclusão de nossas
dissertações.
Ao Professor Dr. Carlos Zaslavsky, que
mesmo sem saber, forneceu as bases e idéias iniciais para minha dissertação,
através da leitura de sua Dissertação de Mestrado sobre o tempo do trânsito
colônico na constipação funcional.
Ao Dr. Wolney Villagran, meu colega do
Curso de Mestrado, e que, quando Diretor do Hospital Tramandaí, propiciou minha
freqüência ao Curso, companheiro, ainda, das muitas viagens de ida e vinda
juntos a Canoas.
À Dra. Ana Lúcia Rezende, atual diretora
do Hospital Tramandaí, pelo apoio e incentivo para que eu chegasse finalmente
ao término da jornada que culmina, agora, com a apresentação desta dissertação.
À Coordenadora e Agentes Comunitários de
Saúde, equipe do PACS da Vila São Francisco II, sem os quais este trabalho não
teria se concretizado, minha eterna gratidão.
Ao Dr. Pedro Gus e Professora Matilde
Groisman Gus, meus pais, os quais até onde alcança minha memória, estimula a
mim, meus irmãos e nossas famílias a crescermos intelectualmente e nos demais
aspectos, para termos uma vida digna e útil e ainda pelo seu apoio
incondicional em todos os momentos da minha existência.
Aos
meus filhos, Thanielle e Henrique, os quais com seu carinho me muniram de forças,
com sua compreensão permitiram minhas inúmeras ausências durante a realização
desta dissertação.
À Eliete, minha esposa, pelo seu jeito de
ser, que me permite seguir meu caminho, estando sempre ao meu lado, com muito
amor.
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ABREVIATURAS
UTILIZADAS
ACS = Agentes Comunitários de Saúde
PACS = Programa de Agentes Comunitários de saúde
PSF = Programa de Saúde
da Família
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Introdução
A
constipação e seus sintomas associados atingem uma parcela significativa da
população. Na prática diária, os sintomas relacionados à constipação são
freqüentes nos pacientes atendidos com queixas gastrointestinais diversas.
Estudos apontam que, até 40% das consultas com especialistas de
gastroenterologia, são devidas à constipação (1). A investigação desses
sintomas consome recursos financeiros importantes, onerando o sistema de saúde,
atrasando o diagnóstico e, portanto, sua prevenção e tratamento(2).
Sonnenberg
e Koch realizaram, em 1989, importante estudo sobre a epidemiologia da constipação
nos Estados Unidos, através da revisão de quatro diferentes fontes de
registros de dados, naquele país. Este trabalho investigou a constipação em
relação à idade, sexo, raça e distribuição geográfica. O impacto desse
problema na saúde pública foi avaliado a partir do número de sujeitos
afetados, o número de mortes devidas à constipação e doenças diretamente
associadas, o número de dias acamados ou com atividade restringida, o número
de dias de hospitalização em que a constipação foi a primeira hipótese
diagnóstica a ser descartada e o número de prescrições de laxativos. Entre
os anos de 1982 a 1985 a média anual de pessoas atingidas por constipação foi
de 4.370.000 sendo maior que a média de pessoas atingidas por outras doenças
gastrointestinais crônicas como úlcera péptica, 1.451.000, e colecistopatias
crônicas, 4.319.000 anualmente no mesmo período. A prevalência da constipação
apresentou aumento com a idade, sendo maior este aumento a partir dos 64 anos.
As mulheres apresentaram três vezes mais constipação que os homens. Os não-brancos
foram acometidos 1,3 vezes mais do que os brancos. A freqüência foi maior em
pessoas de famílias com baixa renda do que nas de alta renda familiar. Em relação
à educação, o estudo levou em conta a escolaridade, em anos, do chefe da família,
sendo a prevalência inversamente proporcional à escolaridade do mesmo. Esses
dados mostraram uma prevalência de aproximadamente 2% na população total
sendo, com isso, a doença gastrointestinal crônica mais freqüente. Em relação
ao uso de laxativos, estes são prescritos para 2 a três milhões de pessoas
anualmente, sem considerar a auto-medicação que, sem dúvida, é muito freqüente;
além disso, mais de 92.000 hospitalizações anuais relacionadas à constipação
foram descritas.
De
acordo com outro pesquisador (3), a maior prevalência ocorre entre crianças e
idosos, sendo também mais freqüente nas mulheres do que nos homens, na proporção
de 2:1. A prevalência de constipação é de 21 a 34 % em mulheres na faixa etária
acima dos 65 anos, e 9 a 20 % nos homens da mesma faixa etária. Essa diferença
entre os sexos somente é significativa entre os idosos e nas crianças e
adolescentes (1, 4).
A causa mais freqüente
da constipação no adulto é a sua alimentação inadequada, em geral uma dieta
pobre em resíduos, fibras, associada a uma vida sedentária, o que leva à
diminuição da freqüência dos atos evacuatórios. O baixo consumo de fibras
alimentares está associado ao aumento do uso de laxativos. Egger (5), 1991, em
um estudo de intervenção em três comunidades, através de estratégias de
educação comunitária que levaram ao aumento de 57,8% no consumo de pães
integrais atingiu uma redução de 59,5 % no consumo de laxativos, reduzindo,
assim, as conseqüências á longo prazo da constipação e do uso crônico de
laxativos.
Já na criança e no
adolescente a constipação é mais freqüentemente atribuída a distúrbios de
motilidade do cólon, quer seja espasmo ou inércia, ambos decorrentes de inúmeras
etiologias diferentes. Na criança entre os 2 e 12 anos uma das principais
causas é o hábito de ignorar repetidamente a urgência de evacuar, devido
principalmente a evacuações dolorosas e a recusa em abandonar suas atividades
de lazer, abolindo involuntariamente o estímulo da evacuação intestinal. A
retenção de fezes no reto permite a maior absorção de água, formando um
bolo fecal cada vez mais duro e ressequido, portanto mais difícil de ser
eliminado, criando, assim, um ciclo vicioso. Além de estar relacionado com os hábitos
de vida e de comportamento da criança, também pode ser um padrão adquirido
desde a época da retirada das fraldas e pode contribuir para o aparecimento de
distúrbios emocionais e psicológicos (6).
Duas das mais graves
conseqüências da constipação na criança são a encoprese e o “soiling”.
Consistem na perda inconsciente de fezes e de líquido, respectivamente, gerando
uma situação constrangedora e de difícil manejo. Até sua identificação
como provenientes de distúrbio do hábito intestinal e até que recebam o
tratamento indicado, a criança se afasta dos seus companheiros de escola e do
seu meio social. Isso se deve ao fato de não se sentir confortável com as
outras crianças, o que é provocado pelo “mau cheiro” causado pelas fezes
evacuadas nas roupas íntimas, embora seja um ato involuntário. Além disso, há
o rechaço das demais crianças que fazem desse problema um motivo de
brincadeiras de mau gosto no grupo social (1,4,6,7).
O esforço evacuatório
do constipado, seja adulto ou criança, pode causar doenças como hemorróidas e
fissuras anais. Ambas exigem a correção do hábito intestinal inadequado, para
a sua cura. Além disso, na grande maioria necessitam também intervenção cirúrgica
para corrigir a doença instalada, retirando os indivíduos de suas atividades
durante o período cirúrgico e da convalescença. Em alguns casos a constipação
pode ser conseqüência dessas patologias, bem como pode ser sua causa o aumento
do volume e da consistência das fezes e o esforço evacuatório. Este ciclo
repetido agrava cada vez mais o estado do indivíduo, influenciando suas
atividades diárias de forma negativa. Alterações do humor são freqüentemente
encontradas, prejudicando o interesse destas pessoas pelo trabalho e pelo lazer.
Crianças são afastadas da escola e de atividades sociais, devido a problemas
relacionados com a constipação. (1,7)
A ingesta pobre em
fibras, que é uma das causas diretas da constipação, também está
relacionada a doenças graves como o câncer do intestino grosso. McClung
estudou o consumo de fibras em dois grupos: crianças sem queixas
gastrointestinais crônicas e crianças com constipação crônica. Através de
um inventário alimentar de 4 dias, os dois grupos foram comparados quanto à
ingestão de fibras. O grupo das crianças sem queixas apresentou um consumo médio
de fibras na dieta acima do recomendado (1989 Recomended Dietary Allowences),
enquanto o grupo das crianças constipadas apresentou um consumo médio 4 vezes
menor do que o recomendado. Outros fatores relacionados foram avaliados e não
apresentaram diferenças significativas entre os grupos, como estados psicológicos
e nível sócio-econômico e cultural. Realizando um programa de intervenção
com aconselhamento nutricional e aumento das fibras da dieta, com seguimento a
longo prazo, o consumo de outros nutrientes importantes foi avaliado e não
demonstrou ser insuficiente ou prejudicado com o aumento da ingestão de fibras
(8). O reconhecimento da existência de constipação relacionada à ingesta
pobre em fibras e à correção deste hábito alimentar é uma forma de prevenção
do câncer do intestino grosso ou, até mesmo, um sinal de alerta para o diagnóstico
precoce destas doenças(1,6,7).
Outra doença grave
causada pela constipação crônica é o megacólon não chagásico, que
consiste numa dilatação proeminente do cólon esquerdo, sigmóide e reto, com
modificação da anatomia comum aos cólons e da sua motilidade devido à dilatação.
Este quadro agrava sobremaneira a constipação original, seja qual for a sua
causa primária, sendo então seu tratamento muito mais complexo e difícil.
Van Der Plas realizou um
estudo intervencionista para avaliar o papel da educação do hábito
intestinal, treinamento da evacuação, “toilet training”, em crianças com
problemas crônicos de defecação ou de constipação crônica(9). Os
resultados apontaram que 15% das crianças obtiveram cura somente com a educação,
desmistificação e treinamento. Junto com outras medidas como o aumento da
ingestão de fibras e uso de laxativos no estágio inicial do tratamento, a cura
chegou a ser atingida em 62,5% dos casos em um ano de seguimento. Isto sugere
que o papel da educação na fisiopatogenia da constipação crônica, em crianças,
seja devidamente valorizado e que este recurso faça parte do arsenal de
tratamentos, em conjunto com outras medidas terapêuticas(9).
O estudo da prevalência
da constipação e de fatores associados tem grande importância para a
qualidade de vida da população, podendo auxiliar na elucidação e prevenção
de múltiplos estados patológicos causados por este agravo. A constipação é,
portanto, uma doença ou um conjunto de sintomas que consomem grande quantidade
de recursos econômicos, públicos ou privados, com implicações sociais dramáticas
que atingem principalmente a criança na idade escolar, prejudicando sua inserção
social (6), a qual pode ser evitada com atitudes educacionais e preventivas.
Passmore apresentou, em 1995, uma análise dos custos com diagnóstico,
tratamento e prevenção da constipação intestinal crônica. Nos EUA,
anualmente, são gastos Us$ 368 milhões em laxativos autoprescritos. Na
Inglaterra, são gastos 4,5 milhões de libras em consultas médicas, 20 milhões
de libras em laxativos prescritos e 17 milhões de libras em automedicação com
laxativos. Os custos com diagnóstico incluem as consultas e exames delas
derivados. Nenhum estudo detalhado sobre os custos com diagnósticos foi
realizado, mas podemos inferir facilmente o ônus multiplicando o custo da
consulta médica usual e o número de consultas anuais decorrentes da constipação,
que nos EUA chegam a 2,5 milhões de consultas ano (10). Sua prevalência é
alta, com até cerca de 40% em algumas populações, inclusive determinando um
problema de saúde pública e acarretando custos importantes.
Com o controle e
tratamento da constipação intestinal previnem-se e tratam-se doenças que,
caso contrário, consumiriam recursos tanto em tratamentos medicamentosos como
em intervenções cirúrgicas. Nos casos mais dramáticos como doença
diverticular e câncer do intestino grosso, o ônus é ainda bem maior. O
conhecimento do papel da constipação, suas associações à dieta e outros
fatores sócio-econômicos e culturais pode ser um ponto de partida para a
prevenção de agravos importantes à saúde dos indivíduos.
O custo sócio-econômico
dessa patologia em relação ao afastamento dos indivíduos de suas atividades,
tanto produtivas quanto sociais e de lazer deve ser reduzido com a identificação
e o manejo adequado das causas e conseqüências da constipação intestinal,
sendo fundamental o conhecimento da sua prevalência e de fatores associados.
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OBJETIVOS
1.1 Objetivo Geral
Verificar a prevalência
da constipação intestinal na população da Vila São Francisco II.
1.2 Objetivos específicos
- Conhecer a prevalência da constipação na Vila São Francisco
II, em todas as faixas etárias.
- Verificar as possíveis associações entre constipação e
fatores sócio-econômicos, demográficos e hábitos alimentares.
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REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceito de
constipação intestinal
Termo
originário da palavra latina “constipatio” que significa (1º)congestão,
defluxo nasal, resfriado ou (2º)diminuição acentuada do número de evacuações
com retenção anormalmente prolongada das fezes no intestino (11). Neste
trabalho nos referimos ao segundo significado da palavra constipação,
referente ao distúrbio das evacuações; na Classificação Internacional das
Doenças (12) constipação é classificada
como um transtorno digestivo funcional.
Popularmente
referida como “prisão de ventre, intestino ressequido ou empatado”, é de
difícil caracterização na anamnese, sendo também de difícil conceituação
para os médicos (13). A constipação intestinal deve ser entendida como um
sintoma que abrange queixas diversas, como: aumento do intervalo entre dois atos
defecatórios consecutivos, trazendo inconveniência ao indivíduo; diminuição
da freqüência dos atos defecatórios; evacuação insuficiente; dificuldade ou
esforço evacuatório; evacuação de fezes endurecidas ou ressecadas, volumosas
ou pequenas, em síbalos, que causam danos ao ânus; evacuação dolorosa; sensação
de evacuação incompleta; sensação estranha de que as fezes não se dirigem
ao ânus; sensação de falta de pressão no reto para empurrar as fezes; enfim,
pode ser referida de muitas formas e sensações diferentes as quais afligem o
indivíduo (1).
Podemos classificar a
constipação como sendo causada por uma ou mais das três causas genéricas:
- causas orgânicas anocolorretais:
- causas funcionais sistêmicas ou extracolorretais:
- causa inaparente, ou idiopática.
Segundo Bauke, a constipação
com ou sem encoprese, é um problema freqüente em crianças, representando 3%
das consultas pediátricas em geral e 25% das visitas aos gastroenterologistas
pediátricos. A constipação na criança e adolescente tem características
diversas daquela do adulto. Na idade pré-escolar esta autora encontrou 16% de
prevalência, sem diferença entre os sexos. O ciclo da constipação inicia com
a passagem dolorosa das fezes pelo ânus, fazendo com que a criança evite a
evacuação, fugindo, assim, do desconforto. O reto acomoda o conteúdo fecal e
a vontade de evacuar desaparece gradualmente. Com a repetição do ciclo, as
fezes cada vez mais duras vão sendo retidas e a criança, sentindo-se cada vez
mais desconfortável, representa esta sensação com atitudes corporais,
irritabilidade, choro incoercível, sendo que as crianças maiores recusam-se a
sentar no vaso. A teoria da etiologia por dor é comprovada pelo fato de que 63%
das crianças com encoprese têm história de evacuação dolorosa, com início
antes dos 36 meses de idade. Na criança de idade escolar, a queixa que mais
freqüentemente leva à consulta é o “soiling” de muitos anos de
evolução. A encoprese completa é freqüentemente complicação da constipação
de longa duração. A encoprese afeta 2,8% das crianças com 4 anos; 2,2 % das
crianças com 5 anos; 1,9% aos 6 anos; 1,5% dos 7 aos 8 anos e 1,6% dos 10 aos
11 anos de idade. As crianças do sexo masculino são mais freqüentemente
acometidas por encoprese na razão de 2,5:1 até 6:1. A doença de Hirschsprung,
megacólon agangliônico congênito, apesar de rara, incidindo em 1 a cada 5000
nascimentos, deve ser aventada nos casos de constipação mais grave. Insucesso
no tratamento clínico sugere a possibilidade da Doença de Hirschsprung ser a
causa. Seu tratamento é cirúrgico. O tratamento da constipação na criança
inclui educação, desimpactação e prevenção da reimpactação fecal. Um
estudo de Bauke, acompanhando os resultados deste tratamento a longo prazo,
revelou uma cura em até 63% dos
casos. (14)
2.2 Prevalência da
constipação intestinal
Um estudo transversal com
10.018 entrevistados com mais de 18 anos de idade nos Estados Unidos apresentou
uma prevalência geral de 14,7% (15). Encontramos taxas de prevalência na
população em geral (no mundo), que variam desde 1,2%, Sandler 1990(16), até
26,8%, Talley 1991(17).
Outro trabalho
norte-americano relata que 21% a 34% das mulheres acima dos 65 anos e que 9% a
30% dos homens da mesma faixa etária apresentavam constipação (3).
Estudo realizado em
Israel com 1900 pessoas que não apresentavam queixas digestivas espontâneas
registrou uma diferença estatisticamente significativa em relação ao uso de
laxativos entre homens e mulheres: 18,4% das mulheres usavam laxativos, contra
10,8% dos homens (p< 0.0001). Quanto à etnia, este hábito era mais freqüente
nos judeus de etnia ashkenazi – originários da Europa Central - (17%), do que
nos de etnia sefaradi – originários da Península Ibérica - (10,7%) e entre
a população árabe estudada (4,8%). (18)
Segundo Magela (1), cerca
de um quinto da população geral apresentou a constipação como causa de 40% a
50% das queixas nas consultas médicas (Kigma et al. (19)). Sonnemberg &
Koch (2) confirmaram, em pesquisa epidemiológica realizada nos Estados Unidos,
que a constipação é um sintoma extremamente freqüente, sendo mais prevalente
e mais intensa no sexo feminino do que no masculino.
Estudo realizado por
Moreira em Botucatu, São Paulo, 1984, evidenciou que 40% dos escolares do ciclo
básico, de 8 a 12 anos, apresentavam constipação intestinal crônica, ou
seja, mantinham-se constipados por um período maior de seis meses. (20)
Sant’Anna, 1999, afirma
que a prevalência da constipação no Brasil é de até 36%, sendo que, entre
alunos de escolas públicas, na faixa de 8 a 10 anos, a prevalência foi de 28%.
(21)
Zaslavsky
et al.,1988, constatou uma prevalência de 36,6% de constipação em crianças
com menos de 12 anos, em estudo de prevalência sobre constipação intestinal
na infância, realizado em dois ambulatórios pediátricos em Porto Alegre. (22)
Já Motta & Silva,
1998, acharam 17,5% de prevalência de constipação entre crianças menores de
11 anos em Recife, PE. (23)
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METODOLOGIA
3.1 Tipo de
Pesquisa
Estudo observacional
transversal.
3.2 Amostragem
3.2.1 Tamanho da
Amostra
O cálculo da amostra foi
realizado considerando
6.243 moradores da Vila São Francisco II, segundo recenseamento do Programa de
Saúde da Família, de março de 2001. Para obtenção de uma amostra
significativa, utilizamos uma prevalência média de 20% de ocorrência do
evento, de acordo com estudos anteriores (3, 15, 18, 20) com uma margem de erro
de 5%, portanto, variando de 15 a 25%. Como a amostra será escolhida através
da utilização de amostragem por conglomerados em vez de aleatória simples,
utilizamos o efeito de delineamento com valor igual a dois, com o objetivo de
garantir a maior representatividade possível para o estudo.
Dessa
forma será necessário acompanhar 600 indivíduos moradores da Vila São
Francisco II, já considerando 10% para possíveis perdas durante a execução
do estudo.
3.2.2 Métodos de
Amostragem
Deverá
ser obtida a listagem dos setores censitários existentes para a Vila São
Francisco II. Esta listagem está disponível na agência da Fundação IBGE (
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ), em Porto Alegre.
Uma vez identificados os
setores, o sorteio deverá ser realizado através de amostragem aleatória
simples. Este estudo incluirá todos os setores válidos dentro da Vila São
Francisco II. A escolha do ponto de início dentro do setor é feita
numerando-se todos os quarteirões de cada setor. Um destes números será
sorteado por meio de papéis numerados. A seguir coloca-se uma letra de A a D em
toda esquina de cada quarteirão. O sorteio da letra também é feito usando
quatro pedaços de papel, um com cada letra. Em cada domicílio sorteado, todas
as pessoas deste domicílio, presentes no momento da visita, serão incluídas
na pesquisa. Cada entrevistador deverá realizar um número de entrevistas que
será a divisão do número total de sujeitos pelo número de entrevistadores,
sendo estimado quatro entrevistas por dia para cada entrevistador (25).
3.3 Seleção dos
Sujeitos da Pesquisa
Serão
elegíveis todos os moradores da vila São Francisco II, maiores de um ano de
idade, que não possuam cirurgias abdominais prévias, exceto cesarianas e que não
façam uso de laxativos rotineiramente, o que afetaria a qualidade das fezes e
os sintomas que caracterizam a constipação intestinal. Será seguido o método
descrito no item 3.2.2 para a seleção dos sujeitos a serem entrevistados.
3.4 Instrumento
Os
entrevistadores utilizarão o instrumento apresentado no Anexo I para a coleta
dos dados.
3.5 Descrição das Variáveis
As variáveis são:
Nome.
Endereço: endereço do domicílio.
Fone: telefone do domicílio ou para contato.
Referência: referência da localização, ponto de referência
do domicílio.
Sexo: masculino, feminino
Cor: branco, negro, amarelo ou mulato.
Data de Nascimento: data completa do nascimento do
entrevistado.
Data da Entrevista: data completa do dia da entrevista.
Idade: será calculada a idade exata a partir das datas de
nascimento e da entrevista.
Ocupação: descrição da ocupação exercida pelo
entrevistado.
Escolaridade: número de anos completos de escola freqüentados
pelo entrevistado.
Renda Familiar: soma total, referente aos valores recebidos no
último mês por todas as pessoas residentes no mesmo domicílio.
Água: tipo de abastecimento de água, podendo ser encanada,
poço ou bica.
Banheiro: instalação sanitária podendo ser de dois tipos,
em casa ou externa (casinha).
Idade da Retirada das Fraldas: para crianças até 7 anos, a
idade com a qual parou de usar fraldas adquirindo o controle sobre a evacuação.
Inventário alimentar da última semana: refere-se ao número
de dias, podendo variar de 0 a 7, nos quais incluiu, na dieta, algum dos
seguintes alimentos:
Frutas
Verduras
Massa, Batata ou Arroz
Grãos
Doces
Carne (boi)
Peixe
Galinha
Constipação: sim ou não
Neste
trabalho será utilizada uma definição clínica do Consenso Internacional de
ROMA 1990 (26) modificada por Sleisenger (7), segundo a qual a constipação
pode ser definida como a presença, por um período maior que três meses, de
dois ou mais dos seguintes sintomas:
- sensação de evacuação
incompleta em mais de 25% das vezes;
Estes
sintomas serão avaliados sob a forma das seguintes perguntas nos questionários,
admitindo somente resposta “sim” ou “não”:
Nos
últimos três meses, evacua menos de três vezes por semana?
Nos
últimos três meses, sente que a evacuação não foi completa na maior parte
das vezes?
Nos
últimos três meses, as fezes são duras ou ressequidas na maior parte das
vezes?
Nos
últimos três meses, as evacuações são difíceis, forçadas ou com dor na
maior parte das vezes?
3.6 Procedimentos
Será
aplicado um questionário tentando caracterizar a presença de constipação nos
indivíduos escolhidos aleatoriamente dentre os habitantes da Vila. Os
entrevistadores serão Agentes Comunitários de Saúde, coordenados por uma
enfermeira responsável pelo programa, vinculados à 18a Delegacia
Regional de Saúde.
O
treinamento dos entrevistadores será feito com apresentação e justificativa
da pesquisa, leitura do questionário e manual de instruções, utilizando-se técnicas
de ”role playing” (25).
Será
desenvolvido um estudo piloto com 20 indivíduos para analisar a compreensão do
questionário.
O
controle de qualidade será feito pelo pesquisador principal, o qual deverá
refazer 5% dos questionários com sujeitos escolhidos aleatoriamente entre a
amostra, aplicando algumas perguntas chaves e fazendo a checagem com os questionários
completos coletados pelos entrevistadores.
Os
dados serão digitados no software Epi Info 6, usando-se dupla digitação, e
analisados no software SPSS versão 9.0.0.
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CRONOGRAMA
MÊS
ETAPAS
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1o
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2o
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3o
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4o
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5o
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6o
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7o
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8o
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9o
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10o
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Delineamento
e definição dos objetivos
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Revisão
Bibliográfica
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Redação
do Projeto
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Definição
do questionário
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Coleta
de dados
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Análise
dos dados
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Redação
dos Resultados
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Defesa
da Dissertação
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1 Cruz GMG. Coloproctologia Propedêutica Geral: Livraria e
Editora REVINTER LTDA.; 1999.
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4 Hatch TF. Encoprese e constipação em crianças. Clínicas
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5 Egger
G, Wolfenden K, Pares J, Mowbray G. “Bread: It’s a Great Way to Go”
Increaseing bread consumption decreases laxative sales in an elderly community.
The Medical Journal of Australia 1991 December 2/16; 155: 820-821,
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7
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Der Plas RN, Benninga MA, Taminiau JAJM, Büller HA. Treatment
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Economics Aspects Of Pharmacotherapy For Chronic Constipation. PharmacoEconomics
1995; 7 (1): 14-24.
11 Grande dicionário
Larousse Cultural da língua portuguesa. Editora Nova Cultural, São
Paulo, 1999.
12 Classificação
Internacional das Doenças, 10A. Revisão, CID-10 Informatizado
Centro Brasileiro de Classificação de Doenças e DATASUS, 1993.
13 Herz MJ, Kahan E, Zalevski S, Aframian R, Kuznitz D, Reichman S.
Constipation: a different entity for patients and doctors. Fam
Pract Outubro 1996;13(5):487.
14 Bauke VL. Chronic Constipation in
Children. Gastroenterology 1993; 105:1557-1564.
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17 Talley NJ, Insmeister AR, Dyke C, Melton J. Epidemiology of colonic
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Horizonte, Ed. Guanabara, 1994. p.63:793-812.
20 Moreira FL, Coelho CAR,
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& LESLIE. Survey Sampling. John Wiley &
Sons; NY 1965.
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Um manual para diagnósticos comunitários. Hucitec-UNICEF, São Paulo, 1991.
26 Drossman DA, Thompson WG, Talley NJ et. al. Gastroenterology
International 1990; 314:
159-72.
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RELATÓRIO DO TRABALHO
DE CAMPO
O
projeto de pesquisa refere-se a um estudo de base populacional realizado em um
bairro, a Vila São Francisco II, no município de Tramandaí, RS.
Segundo
recenseamento do Programa de Saúde da Família, em Março de 2001, a Vila São
Francisco II contava com 6.243 moradores. O cálculo de tamanho de amostra foi
realizado a partir de uma
prevalência média de 20% de ocorrência do evento, de acordo com estudos
anteriores, com uma margem de erro de 5%, portanto, variando de 15 a 25%. Como a
amostra seria sorteada através da utilização de amostragem por conglomerados
em vez de aleatória simples, aplicou-se um efeito de delineamento com valor
igual a dois, com o objetivo de garantir a maior representatividade possível
para o estudo. Este cálculo de
amostragem resultou em um total de 600 entrevistados, já considerando 10% para
possíveis perdas.
Para
realização da amostragem, foi consultado o IBGE na busca de informações
sobre os distritos censitários do município, sendo que o referido bairro ainda
não constava no plano municipal e não estava mapeado isoladamente para o
recenseamento. Em virtude disso a amostragem dos domicílios que seriam
visitados foi realizada de acordo com um método amostral aleatório simples. As
quadras do bairro foram numeradas e sorteadas, onde cada quadra teve a mesma
chance de ser sorteada.
A
seleção dos entrevistadores foi realizada a partir do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) da Secretaria
Municipal de Saúde. Obtido consentimento junto a 18a Delegacia Regional de Saúde para que os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) participassem do estudo como entrevistadores, foram agendados os encontros
semanalmente, nas terças feiras à tarde no Posto de Saúde do bairro, onde os
mesmos reuniam-se em seus encontros de rotina. Naquela ocasião, Junho de 2002, atuavam na equipe sete ACS. Todos foram
voluntários e agregados ao estudo.
Definido
o número de entrevistadores, partiu-se para o sorteio dos domicílios a serem
visitados. As quadras do bairro foram divididas em sete grupos e numeradas seqüencialmente
da esquerda para direita, de cima para baixo no mapa. Os quatro cantos das
quadras foram identificados com letras de A a D, do canto superior esquerdo ao
inferior esquerdo em sentido horário.
FIGURA 1: Mapa do Bairro São Francisco II, Tramandaí RS
Para
cada Agente de saúde foi sorteado e atribuído um grupo de quadras pela orientação
da coordenadora do PACS. A quadra inicial de cada grupo foi sorteada pelos números
da quadra previamente atribuídos. O canto de início das visitas de cada quadra
foi sorteado pelas letras A até D. Ficou estabelecido que as visitas seriam
iniciadas pelo canto sorteado da primeira quadra, e de cada quadra subseqüente
em ordem numérica conforme a numeração atribuída inicialmente, ocorrendo então sempre em sentido horário saltando dois domicílios
entre cada um visitado. O resultado deste sorteio foi desenhado no mapa do qual
foram feitas oito cópias para serem distribuído pelos ACS e sua coordenadora
no momento apropriado.
A
primeira reunião do grupo de trabalho ocorreu em Maio de 2002, quando foram
apresentados o projeto de pesquisa e o questionário aos ACS pelo pesquisador
principal. Após a leitura do
projeto e explanação do mesmo, foram distribuídos os manuais do entrevistador
com uma cópia do questionário, um para cada entrevistador. Ficou agendada para
a semana seguinte o treinamento dos entrevistadores.
Na
semana seguinte foi realizada reunião para apresentação e estudo manual do
entrevistador e do questionário. Neste momento foi também distribuído o
roteiro resultante do sorteio dos domicílios a serem visitados, pontos de
partida e metodologia de seleção dos domicílios a seguir. Após leitura do
Manual do Entrevistador, foi realizado um treinamento com a técnica de “role-playing”,
desenvolvida por Barros e Victora ( 1991). Na presença de todos, cada agente
realizou a entrevista, aplicando o questionário para outro agente.
Primeiramente a coordenadora e o pesquisador principal alternaram-se como
entrevistador e entrevistado, a seguir os sete ACS repetiram o treinamento,
alternando-se entre entrevistador e entrevistado.
Foram
realizadas pequenas modificações na estrutura dos questionários, formato e
distribuição dos campos conforme sugestões dos próprios entrevistadores e de
acordo com o pesquisador principal. Neste momento as dúvidas iniciais foram
esclarecidas e foi estipulado um projeto piloto de 60 entrevistas fora da área
designada para a pesquisa em quadras que não haviam sido escolhidas pelo
sorteio para o estudo. O projeto piloto foi completado em 10 dias, e então
passou pela digitação e testagem do instrumento com o pesquisador principal.
Com o resultado satisfatório, foi autorizado o início às entrevistas naquela
semana. Foram impressas 600 cópias do questionário e entregues à coordenadora
do PACS. Esta iniciou a distribuição gradual dos questionários para os
entrevistadores. Metodicamente, a cada semana, entregava de 20 a 50 novos
questionários para cada entrevistador. Os questionários completos eram
devolvidos para a coordenadora, a qual registrava o número de questionários
entregues e devolvidos completos, repassando os mesmos para o pesquisador
principal.
Em
junho de 2002 iniciou o trabalho dos entrevistadores. Em reuniões quinzenais as
dúvidas foram esclarecidas e, quando necessário, o pesquisador principal refez
a entrevista assegurando a veracidade e correção das informações.
O
banco de dados foi criado desde o princípio em padrão do EPI INFO 6, prevendo
sua digitação dupla com checagem. À medida que o pesquisador principal foi
recebendo os questionários completos, os mesmos foram sendo digitados em banco
de dados do EPI INFO 6, passando por dupla digitação.
Para
maior controle de qualidade, durante o período de coleta, o pesquisador
principal, sorteando aleatoriamente pelo número dos questionários já
digitados, selecionou 60 entrevistas, 10%, para serem refeitas. As entrevistas
do controle de qualidade foram realizadas novamente pelo próprio pesquisador
principal. Os domicílios foram encontrados sem dificuldades, devido aos pontos
de referência informados. A receptividade dos moradores do bairro era grande,
visto que os ACS já atuavam entre eles, sendo que não houve nenhuma rejeição
às entrevistas. Ocorreram poucas discrepâncias entre as respostas dadas aos
entrevistadores e ao pesquisador principal nos 60 casos re-entrevistados.
O
trabalho de campo foi finalizado em dezembro de 2002. Oito entrevistas foram
perdidas por problemas de saúde com uma das entrevistadoras a qual foi
submetida à cirurgia de urgência por câncer de reto no mês de Novembro. Em
função da voluntariedade do trabalho sem meios de remuneração financeira por
questões institucionais do PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde),
o pesquisador principal proporcionou uma reunião-almoço comemorativa na qual
os resultados preliminares foram apresentados, juntamente com os agradecimentos
formais.
Em
meados de Dezembro de 2002, todas entrevistas, 592, estavam digitadas com dupla
digitação e checagem, e o trabalho de campo estava concluído.
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Prevalência da constipação
intestinal na população da Vila São Francisco II, Tramandaí RS
Jairo
Gus
Médico
, Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade Luterana do Brasil
Ricardo
Halpern
Médico,
Doutor em Pediatria, Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Universidade
Luterana do Brasil e FFFCMPA, e Pós
graduação de Saúde Coletiva ULBRA
Resumo
Objetivo: verificar a prevalência da constipação
intestinal na população da Vila São Francisco II, em Tramandaí, Rio Grande
do Sul.
Métodos: foi realizado um estudo transversal de base populacional com moradores da Vila São
Francisco II, no período de Junho a Dezembro de 2002. Foram entrevistadas 592
pessoas, e através de um questionário semi-estruturado foram coletadas informações
de identificação, ocupação, renda familiar, habitação, instalações sanitárias,
alimentação e hábito intestinal. A constipação intestinal foi caracterizada
como a ocorrência de dois ou mais dos seguintes sintomas associados, por mais
de três meses: freqüência evacuatória menor que três vezes por semana,
sensação de evacuação incompleta, fezes duras e/ou ressequidas e evacuação
difícil, forçada ou com dor, na maioria das vezes.
Resultados: a prevalência da constipação intestinal foi de 35% (207) na população
estudada. As mulheres foram mais acometidas que os homens sendo que 42,4% (126)
das mulheres constipadas enquanto que 27,5% (81) dos homens o eram. Esta associação
entre gênero e constipação foi significativa (p<0,001). As variáveis
escolaridade e renda não apresentaram associação significativa com constipação
quando analisadas isoladamente para toda a população. Quando a amostra foi
estratificada por idade e renda, os adultos, acima de 18 anos, apresentaram
associação significativa. As pessoas com menor escolaridade e com menos renda
possuíam uma chance até 6 vezes maior de apresentarem constipação.
As
instalações sanitárias não apresentaram associação com a presença ou não
de constipação. Em relação à alimentação foi confirmada a associação
entre ingestão de fibras e constipação (p<0,001). De acordo com a média
de dias de ingestão de frutas, verduras e grãos, 75,9% dos indivíduos
constipados ingeriam fibras até cinco vezes por semana. Daqueles que tinham
fibra na dieta 6 ou 7 vezes na semana, somente 21,9% eram constipados. Esta relação
invertia-se para os indivíduos com ingestão de fibras de até 3 vezes na
semana, sendo 54,6% destes constipados e 45,4% não constipados.
Dos sintomas questionados, fezes duras e/ou ressequidas foi o mais freqüente,
tendo ocorrido em 80,2% dos constipados.
Conclusões: a constipação intestinal tem uma alta prevalência na população estudada,
estando associada ao sexo feminino, consumo baixo de fibras alimentares, baixo
grau de escolaridade e baixa renda familiar. Sua identificação é simples,
sendo baseada nos sintomas relacionados ao hábito intestinal. As mudanças
alimentares e de treinamento do hábito intestinal podem prevenir o agravo deste
mal e suas conseqüências graves. Este estudo apresenta resultados que apontam
a sua magnitude e onde podemos atuar para prevenir e tratar a constipação
intestinal.
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Prevalence of Intestinal Constipation in Vila São Francisco II, Tramandaí
RS
Summary
Objective: to verify the prevalence of the intestinal constipation in the population of the
Vila São Francisco II, in Tramandaí, Rio Grande do Sul.
Methods: 592 people were interviewed in a cross sectional study in Vila São Francisco
II, in the period of June to December of 2002. Through a semi-structured
questionnaire informations on identification, occupation, family income, house,
sanitary facilities, feeding, and intestinal habit were collected. The
intestinal constipation was characterized as the occurrence of two or more of
the following associated symptoms, for more than three months: evacuatory
frequency less than three times a week, sensation of incomplete evacuation, hard
and/or stoned feces and evacuation difficult, strained or with pain most of the
time.
Results: the prevalence of the intestinal constipation was of 35%
(207) in the studied population. The women were more attacked than the men,
42,4% (126) of the women were constipated while 27,5% (81) of the men were. This
relation between gender and constipation was significant (p <0,001). The
variables education and income didn't show significant association with
constipation when analyzed for the whole population. When stratified by age and
income, adults, above 18 years, showed a significant association. The people
with less school education and with less income had a chance 6 times greater of
developing intestinal constipation than those more educated and with higher
income.
The
sanitary facilities didn't present association with constipation. When
evaluating the feeding, the association of low fibers intake and constipation
was confirmed (p <0,001). According with the average of days of fruits, green
vegetables and grains intake, 75,9% of the constipated individuals ate fibers
rich food up to five times a week. Of those that had fiber in the diet 6 or 7
times in the week, just 21,9% constipated. This relationship was inversed for
the individuals with fibers intake up to 3 times in the week being 54,6% of
these constipated and 45,4% not.
Of the questioned symptoms, hard and/or stoned feces was the most
frequent, having happened in 80,2% of the constipated ones.
Conclusions: The intestinal constipation has a high prevalence in the studied population,
being associated to the feminine sex, low alimentary fibers intake, low
education degree and low family income. Its identification is simple, being
based on the symptoms related to the intestinal habit. The alimentary changes
and the intestinal habit training can prevent the offence and its serious
consequences. This study presents results that point its magnitude and how we
can act to prevent and to treat the intestinal constipation.
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Introdução
A
constipação intestinal atinge parcela significativa da população sendo
queixa de até 40% dos pacientes que consultam com gastroenterologistas(1). A
investigação dos sintomas da constipação consome recursos financeiros
importantes e onera tanto o sistema de saúde quanto os pacientes, retardando o
diagnóstico e, portanto, o tratamento dos mesmos (2).
Em
importante estudo epidemiológico realizado nos Estados Unidos, em 1989,
Sonnenberg e Koch apontam uma prevalência de 2% na população geral, atingindo
4,73 milhões de pessoas anualmente entre 1982 e 1985, sendo a mais prevalente
das doenças gastrointestinais naquele estudo. (2)
É
mais prevalente em crianças e idosos, e mais freqüente em mulheres que homens,
na proporção de 2:1, sendo a prevalência de 21-34% nas mulheres acima dos 65
anos, e 9-20% nos homens da mesma faixa etária segundo trabalho de Van Der
Horst, 1994 (3).
Outro
estudo populacional, realizado por Sandler et. Al nos Estados Unidos de 1971 até
1975, envolvendo uma amostra populacional de 20.749 pessoas, apontou uma prevalência
global de 12,8%.(4)
A
fisiopatogenia da constipação, ainda não totalmente esclarecida, é
multifatorial, envolvendo hábitos alimentares, perfil sócio-econômico e
cultural, grau de atividade física, mudanças de estilo de vida, agravos de saúde
(1,3).
A
ingesta pobre em fibras, que é uma das causas da constipação, também está
relacionada a doenças graves como o câncer do intestino grosso. McClung
estudou o consumo de fibras em dois grupos: crianças sem queixas
gastrointestinais crônicas e crianças com constipação crônica. Através de
um inventário alimentar de 4 dias, os dois grupos foram comparados quanto à
ingestão de fibras. O grupo das crianças sem queixas apresentou um consumo médio
de fibras na dieta acima do recomendado (1989 Recomended Dietary Allowences),
enquanto o grupo das crianças constipadas apresentou um consumo médio 4 vezes
menor do que o recomendado. Outros fatores relacionados foram avaliados e não
foram encontadas diferenças significativas entre os grupos, como estado psicológico
e nível sócio-econômico e cultural(5).
Através
de um estudo de intervenção, MCCLUNG
e colaboradores comprovaram que o aumento de fibra alimentares na dieta não
implica redução da ingestão de outros nutrientes importantes(5).O
reconhecimento da existência de constipação relacionada à ingesta pobre em
fibras e a correção deste hábito alimentar é uma forma de prevenção do câncer
do intestino grosso ou, até mesmo, um sinal de alerta para o diagnóstico
precoce desta doença(1,6,7).
A causa mais freqüente da constipação no adulto é
sua alimentação inadequada, em geral uma dieta pobre em resíduos, fibras,
associada a uma vida sedentária, o que leva à diminuição da freqüência dos
atos evacuatórios. O baixo consumo de fibras está associado ao aumento do uso
de laxativos. Egger (8), 1991, em um estudo de
intervenção em três comunidades, através de estratégias de educação
comunitária que levaram ao aumento de 57,8% no consumo de pães integrais e,
assim, atingiu uma redução de 59,5 % no consumo de laxativos, reduzindo,
conseqüentemente, as complicações da constipação intestinal crônica e do
uso crônico de laxativos.
Já
na criança e no adolescente a constipação é mais freqüentemente atribuída
a distúrbios de motilidade do cólon, quer seja espasmo ou inércia, ambos
decorrentes de inúmeras etiologias diferentes. Na criança entre os 2 e 12 anos
uma das principais causas é o hábito de ignorar repetidamente a urgência de
evacuar, devido principalmente a evacuações dolorosas e recusa em abandonar
suas atividades de lazer, abolindo involuntariamente o estímulo evacuatório. A
retenção de fezes no reto permite a maior absorção de água, formando um
bolo fecal cada vez mais duro e ressequido, portanto, mais difícil de ser
eliminado, criando, assim, um ciclo vicioso. Além de estar relacionado com os hábitos
de vida e de comportamento da criança, também pode ser um padrão adquirido
desde a época da retirada das fraldas e pode contribuir para o aparecimento de
distúrbios emocionais e psicológicos (7).
Duas
graves conseqüências da constipação na criança são a encoprese e o “soiling”.
Consistem na perda inconsciente de fezes e de líquido, respectivamente, gerando
uma situação constrangedora e de difícil manejo até serem diagnosticadas
como distúrbio do hábito intestinal e receberem o tratamento adequado. Levam a
criança a afastar-se dos seus companheiros de escola e do seu meio social em
função do forte odor que causam as fezes evacuadas nas roupas íntimas,
involuntariamente, como também ao rechaço das demais crianças que fazem desse
problema um motivo de brincadeiras de mau gosto no grupo social (1,6, 7, 9).
O
esforço evacuatório do constipado, seja adulto ou criança, pode causar doenças
como hemorróidas e fissuras anais. Ambas exigem a correção do hábito
intestinal inadequado para a sua cura. Além disso, a grande maioria necessita
também intervenção cirúrgica para corrigir a doença instalada, retirando os
indivíduos de suas atividades durante o período cirúrgico e da convalescença.
Em alguns casos a constipação pode ser conseqüência dessas patologias, bem
como pode ser sua causa, devido ao aumento do volume e da consistência das
fezes e o conseqüente esforço evacuatório. Este ciclo repetido agrava cada
vez mais o estado do indivíduo, influenciando suas atividades diárias de forma
negativa. Alterações do humor são freqüentemente encontradas, prejudicando o
interesse destas pessoas pelo trabalho e pelo lazer. Crianças são afastadas da
escola e de atividades sociais, devido a problemas relacionados com a constipação.
(1,6)
Outra
doença grave causada pela constipação crônica é o megacólon não chagásico,
que consiste numa dilatação proeminente do cólon esquerdo, sigmóide e reto,
com modificação da anatomia comum aos cólons e da sua motilidade devido à
dilatação. Este quadro agrava sobremaneira a constipação original, seja qual
for a sua causa primária; seu tratamento torna-se, portanto, muito mais
complexo e difícil.
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Métodos
Foi
realizado um estudo transversal de base populacional na Vila São Francisco II
em Tramandaí, RS, considerando-se uma prevalência média de 20%, poder de 90%,
erro alfa de 5% e efeito de delineamento dois.
Os questionários aplicados continham dados de identificação e informações
relativas à escolaridade, renda familiar, moradia, alimentação e hábitos
intestinais.
Dados de identificação incluíram nome, sexo, data de nascimento,
endereço. Também a ocupação, a renda familiar, a escolaridade em anos de
estudo, o tipo de abastecimento de água e as instalações sanitárias foram
registradas para todos entrevistados.
Para crianças menores de 7 anos, foi levantada a idade em meses do
controle dos esfíncteres, urinário e anal, e o grau de dificuldade.
Foi coletado um inventário alimentar básico, quantificando a freqüência
da ingestão de fibras, cereais, açúcares e proteínas em número de dias por
semana.
A
classificação do sujeito como constipado ou não levou em consideração critérios
estabelecidos em consenso de ROMA 1990 (10) modificado por Sleisenger (6) .
segundo a qual a constipação pode ser definida como a presença, por um período
maior que três meses, de dois ou mais dos seguintes sintomas:
- menos de três evacuações semanais.
- sensação de evacuação incompleta em mais de 25% das vezes;
- fezes duras em mais de 25% das vezes;
- esforço defecatório em mais de 25% das vezes;
Os
critérios de exclusão foram:
- menos de um ano de vida
- cirurgias abdominais prévias que
não partos cesarianos
- uso crônico de laxativos
Os questionários foram aplicados por uma equipe do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde(PACS), já em atividade na Vila São Francisco II. Foram
realizadas reuniões de treinamento com os integrantes do grupo aplicando técnica
de “role-playing”. Foi distribuída uma cópia do manual do entrevistador
para cada um dos membros da equipe(11). As entrevistas foram realizadas entre
junho e dezembro de 2002. O controle de qualidade foi feita pelo pesquisador
principal com a repetição de 10 % das entrevistas escolhidas de forma aleatória, por sorteio. Os
questionários foram digitados em um banco de dados no programa epiinfo 6.0,
através de dupla digitação. Os entrevistadores foram acompanhados pelo autor.
Os questionários incompletos ou que apresentaram dúvidas foram refeitos pelo
autor. Oito questionários não foram entregues por um dos entrevistadores e não
houve recusas por parte dos entrevistados. Mais de 90% das entrevistas foram
realizadas na primeira visita do entrevistador ao domicílio.
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Resultados
A
população estudada foi de 592 indivíduos, dos quais 49,8% (295) foram
masculinos e 50,2% (297) femininos.
A
distribuição por faixa etária está apresentada na Tabela 1. A idade média
foi de 23 anos com desvio padrão de 17,68 anos, sendo a mediana 18,5 anos.
19,7% eram menores de 7 anos. Apenas 1,7% da população estudada possuía mais
de 65 anos, sendo esta uma população eminentemente jovem.
Tabela
1: Distribuição da amostra por Faixa Etária, Vila São Francisco II, RS, 2002
Faixas Etárias
|
N
|
%
|
|
0 – 2 ANOS
|
38
|
6,4
|
|
3 – 6 ANOS
|
76
|
12,8
|
|
7 – 10 ANOS
|
76
|
12,8
|
|
11 – 18 ANOS
|
106
|
17,9
|
|
19 – 35 ANOS
|
148
|
25
|
|
>= 36 ANOS
|
148
|
25
|
|
Total
|
592
|
100
|
|
A escolaridade foi agrupada em anos completos de
estudo conforme a Tabela 2. A escolaridade média foi 3,9 anos com
desvio padrão de 3,4 anos, e a mediana 4 anos.
Noventa por cento da população geral estudada não
tinha atingido o segundo grau, tendo um grau de
instrução primário, sendo que 47,6% tinham
menos de 4 anos de estudo completos.
TABELA 2: Distribuição da amostra por Escolaridade
Agrupada em anos completos de estudo, Vila São
Francisco II, RS, 2002
Escolaridade
|
N
|
%
|
|
0-3 ANOS
|
282
|
47,6
|
|
4-8
ANOS
|
257
|
43,4
|
|
9-11
ANOS
|
45
|
7,6
|
|
>=
12 ANOS
|
8
|
1,4
|
|
Total
|
592
|
100
|
|
Selecionando os adultos, maiores de 18 anos completos,
que nos interessaram na análise
da associação entre
escolaridade e constipação,
conforme a Tabela 3 notamos
que 87,8% tinham até 8 anos
completos de estudo. Ou
seja, somente 12,2% dos
adultos podem ter completado
o segundo grau.
Tabela
3: Distribuição dos indivíduos
maiores de 19 anos da
mostra, por Escolaridade em
anos completos de estudo,
Vila São Francisco II, RS, 2002
Escolaridade
|
N
|
%
|
|
0-3 ANOS
|
88
|
29,7
|
|
4-8 ANOS
|
172
|
58,1
|
|
9-11 ANOS
|
29
|
9,8
|
|
>= 12 ANOS
|
7
|
2,4
|
|
Total
|
296
|
100,0
|
|
A renda familiar foi agrupada pelo salário mínimo
atual,
R$
200,00,
e
segue
a sua
distribuição
na
Tabela
4. Vemos
que
88,4%
da
população
estudada
possuía
renda
familiar
de até
três
salários
mínimos,
sendo
esta
uma
população
de
baixo
poder
aquisitivo.
A
renda
média
em
reais
foi de
R$
394,74,
com
desvio-padrão
de R$
241,60
e
mediana
de R$
350,00
TABELA
4:
Renda
Familiar
da
amostra,
agrupada
em Salários
Mínimos,
Vila São
Francisco
II,
RS,
2002
Renda Familiar
|
N
|
%
|
0
–
1
|
156
|
26,4
|
1
├
2
|
258
|
43,6
|
2
├
3
|
109
|
18,4
|
>
3
|
69
|
11,6
|
Total
|
592
|
100
|
Quanto às condições sanitárias e de abastecimento
de água,
97,5 %
dos
entrevistados
possuíam
água
encanada
na sua
moradia
e 91,9
%
possuíam
banheiro
na
casa.
A prevalência de Constipação
Intestinal
na
população
estudada
foi de
35 %
(207).
Dentre os constipados 60,9% (126) eram
femininos
enquanto
39,1%
(81)
eram
masculinos.
Isto
aponta
uma
relação
de
1,55
mulheres
para 1 homem.
Entre as mulheres 42,4% eram constipadas,
enquanto
que
somente
27,5%
dos
homens
o
eram.
Existiu
uma
associação
significativa
entre
o sexo
e
constipação
(p<0,001)
(
Tabela
5) .
TABELA 5:
Prevalência
Constipação
por Gênero
na
amostra,
Vila São
Francisco
II,
RS,
2002
Constipação
|
SIM
|
NÃO
|
Total
|
|
Masculino
|
81 27,5%
|
214 72,5%
|
295 100,0%
|
Feminino
|
126 42,4%
|
171 57,6%
|
297 100,0%
|
Total
|
207 35,0%
|
385 65,0%
|
592 100,0%
|
p<0,001
Nos
resultados
da análise
da
constipação
por
faixa
etária,
a
constipação
apresentou
maior
prevalência
nos
idosos
conforme
a
Tabela
6.
Tabela
6:
Prevalência
da
Constipação
por
Faixa
Etária
na
amostra,
Vila São
Francisco
II,
RS,
2002
Constipação
|
SIM
|
NÃO
|
Total
|
|
Até 11 anos
|
62 30,5%
|
141 68,5%
|
203
|
12-29 anos
|
70 36,3%
|
123 63,7%
|
193
|
30-59
anos
|
63 36,2%
|
111 63,8%
|
174
|
Acima
de
60
anos
|
12 54,5%
|
10 45,5%
|
22
|
*
p <
0,5
N.S.
A
análise
do
consumo
de
fibras
na
alimentação
em
relação
à
presença
ou não
de
constipação
apresentou
uma
associação
significativa
(
p<0,001).
A
Tabela
7
mostra
que
54,6%
dos
indivíduos
que
ingeriam
fibras
até 3
vezes
por
semana
eram
constipados.
A
maioria
dos
constipados,
74,9%,
ingeriam
fibras
no máximo
5
vezes
por
semana.
A
proporção
entre
constipados
e não
constipados
inverteu-se
com o
aumento
da
ingestão
de
fibras
conforme
vemos
na
Tabela
7.
Tabela
7:
Prevalência
de
Constipação
por
Ingestão
de
Fibras
na
Vila São
Francisco
II,
Tramandaí,
RS,
2002.
Constipação |
SIM |
NÃO |
Ingestão
de
Fibras |
0-3
vezes/semana |
59 (54,6%) |
49 (45,4%) |
3,1-5
vezes/semana |
96 (38,9%) |
151
(61,1%) |
>5
vezes/semana |
52 (21,9%) |
185
(78,1%) |
Total |
207 (35,0%) |
385
(65,0%) |
*
p<
0,001
A
variável
fibras
agrupadas
foi
criada
pela média
de
dias
da
semana
na
qual o
individuo
consumia
frutas,
verduras
e grãos
em
alguma
das
refeições
do
dia. A
análise
da
ingestão
de
fibras
e
constipação,
quando
controlada
pela
renda
familiar
apresentou
associação
significativa.
Os
indivíduos
com
menor
renda
familiar
ingeriam
fibras
com
menor
freqüência
e
apresentaram
mais
constipação
(p<0,05).
Em
todos
grupos
de
Renda
Familiar,
a
proporção
de
constipados
era
maior
entre
os
indivíduos
que
ingeriam
fibras
até
cinco
vezes
por
semana,
conforma
apresenta
a
Tabela
8.
Tabela
8:
Prevalência
de
Constipação
na
amostra,
conforme
a
Ingestão
de
Fibras,
controlada
pela
Renda
Familiar,
Vila São,
RS,
2002
|
|
CONSTIPAÇÃO
|
|
RENDA
FAMILIAR
|
EM SALÁRIOS
MÍNIMOS
|
CONSUMO DE FIBRAS
|
SIM
|
NÃO
|
|
0 – 1
|
0 – 3
|
26 60,5%
|
17 39,5%
|
|
|
3,1 - 5
|
28 40,0%
|
42 60,0%
|
|
|
> 5
|
7 16,3%
|
36 83,7%
|
|
|
Total
|
61 39,1%
|
95 60,9%
|
|
|
|
|
1 ├ 2
|
0 – 3
|
23 48,9%
|
24 51,1%
|
|
|
3,1 - 5
|
49 40,2%
|
73 59,8%
|
|
|
> 5
|
23 25,8%
|
66 74,2%
|
|
|
Total
|
95 36,8%
|
163 63,2%
|
|
|
|
|
2 ├ 3
|
0 – 3
|
5 55,6%
|
4 44,4%
|
|
|
3,1 - 5
|
16 38,1%
|
26 61,9%
|
|
|
> 5
|
13 22,4%
|
45 77,6%
|
|
|
Total
|
34 31,2%
|
75 68,8%
|
|
|
|
|
> 3
|
0 – 3
|
5 55,6%
|
4 44,4%
|
|
|
3,1 - 5
|
3 23,1%
|
10 76,9%
|
|
|
> 5
|
9 19,1%
|
38 80,9%
|
|
|
Total
|
17 24,6%
|
52 75,4%
|
|
|
|
|
*
p
<
0,05
O
mesmo
aconteceu
em
relação
à
ingestão
de
fibras
e
constipação
quando
controlada
pela
escolaridade.
Indivíduos
com
menos
anos
de
estudos
ingeriam
fibras
com
menor
freqüência
e
apresentaram
maior
prevalência
de
constipação
(p<0,001). Em
todos
grupos
de
escolaridade,
quanto
mais
dias
da
semana
os
indivíduos
ingeriam
fibras,
menor
a
proporção
de
constipados,
conforme
apresenta
a
Tabela
9.
Tabela
9:
Prevalência
de
Constipação
na
amostra,
conforme
a
ingestão
de
fibras,
controlada
pela
escolaridade
em
anos
de
estudo,
Vila
São
Francisco
II,
RS,
2002
|
|
CONSTIPAÇÃO
|
|
ESCOLARIDADE
AGRUPADA
|
EM
ANOS
DE
ESTUDO
|
FIBRAS
AGRUPADAS
|
SIM
|
NÃO
|
|
0-3 ANOS
|
0
-
3
|
33 60,0%
|
22 40,0%
|
|
|
3,1
-
5
|
47 36,4%
|
82 63,6%
|
|
|
>
5
|
17 17,3%
|
81 82,7%
|
|
|
Total
|
97 34,4%
|
185 65,6%
|
|
|
|
|
|
|
4-8 ANOS
|
0
–
3
|
19 46,3%
|
22 53,7%
|
|
|
3,1
-
5
|
37 37,4%
|
62 62,6%
|
|
|
>
5
|
31 26,5%
|
86 73,5%
|
|
|
Total
|
87 33,9%
|
170 66,1%
|
|
|
|
|
9-11 ANOS
|
0
-
3
|
6 60,0%
|
4 40,0%
|
|
|
3,1
-
5
|
12 70,6%
|
5 29,4%
|
|
|
>
5
|
4 22,2%
|
14 77,8%
|
|
|
Total
|
22 48,9%
|
23 51,1%
|
|
|
|
|
>= 12 ANOS
|
0
-
3
|
1 50,0%
|
1 50,0%
|
|
|
3,1
-
5
|
|
2 100,0%
|
|
|
>
5
|
|
4 100,0%
|
|
|
Total
|
1 12,5%
|
7 87,5%
|
|
p<0,001
Quando
selecionamos
os
indivíduos
adultos,
com
idade
superior
a
18
anos,
analisando
a
população
estratificada
de
acordo
com
a
escolaridade
e
renda,
houve
uma
tendência
de
diminuição
da
prevalência
de
constipação
entre
os
indivíduos
de
maior
escolaridade.
Ainda
com
os
indivíduos
maiores
de
18
anos,
quando
a
população
foi
estratificada
de
acordo
com
a
renda
familiar,
a
análise
mostrou
uma
associação
significativa
entre
os
indivíduos
de
menor
renda
e
menor
escolaridade,
mostrando
que,
entre
aqueles
que
tinham
uma
renda
de
até
um
salário
mínimo,
os
indivíduos
com
escolaridade
menor
ou
igual
a
3
anos
apresentaram
uma
chance
80%
maior
de
serem
constipados que
aqueles
com 4
a
8
anos
de
estudo,
e uma
chance
6
vezes
maior
do
que
os
com
mais
de
8
anos
completos
de
escolaridade,
conforme apresentado
na
Tabela
10.
Tabela
10:
Prevalência
de
Constipação
entre
os
indivíduos
maiores
de
18
anos,
conforme
a
escolaridade
agrupada
em
anos
de
estudo,
controlada
pela
renda
familiar agrupada
em
salários
mínimos,
Vila
São
Francisco
II,
RS,
2002
RENDA AGRUPADA EM SALÁRIOS MÍNIMOS |
ESCOLARIDADE AGRUPADA
EM ANOS DE ESTUDO |
CONSTIPAÇÃO |
SIM |
NÃO |
ATÉ 1 SALÁRIO |
0-3 ANOS |
20 58,8% |
14 41,2% |
|
4-8 ANOS |
11 29,7% |
26 70,3% |
|
9-11 ANOS |
3 100% |
|
|
>= 12 ANOS |
|
1 100% |
|
Total |
34 45,3% |
41 54,7% |
1├2 SALÁRIOS |
0-3 ANOS |
10 35,7% |
18 64,3% |
|
4-8 ANOS |
33 38,8% |
52 61,2% |
|
9-11 ANOS |
11 61,1% |
7 38,9% |
|
>= 12 ANOS |
1 25% |
3 75% |
|
Total |
55 40,7% |
80 59,3% |
2├3 SALÁRIOS |
0-3 ANOS |
6 35,3% |
11 64,7% |
|
4-8 ANOS |
9 29% |
22 71% |
|
9-11 ANOS |
3 75% |
1 25% |
|
>= 12 ANOS |
|
2 100% |
|
Total |
18 33,3% |
36 66,7% |
MAIS DE 3 SALÁRIOS |
0-3 ANOS |
2 22,2% |
7 77,8% |
|
4-8 ANOS |
6 31,6% |
13 68,4% |
|
9-11 ANOS |
|
4 100% |
|
Total |
8 25% |
24 75% |
p<0,05
Dentre
os
sintomas
analisados
para
caracterizar
constipação,
fezes
duras
e/ou
ressequidas
foi
a
queixa
mais
prevalente
entre
os
constipados,
ocorrendo
em
80,2%
dos indivíduos
classificados
como
portadores
de
constipação
intestinal.
Em
segundo
lugar,
apareceu
evacuação
difícil,
forçada
ou
com
dor,
que
foi
relatada
por
75,8%
dos
constipados.
Sensação
de
evacuação
incompleta
foi
queixa
de
73,9%
dos
constipados
e
evacuações
inferiores
a
três
vezes
por
semana
ocorreram
em
71,0%
dos
constipados.
(Tabela
11)
Tabela
11:
Prevalência
dos
Sintomas
de
Constipação
entre
os
Constipados
da
amostra,
de
acordo
com
os
Critérios
de
ROMA
II,
Vila
São
Francisco
II,
RS,
2002
Sintoma
|
Nro.
|
%
|
Evacuação Incompleta
|
153
|
73,9%
|
Fezes duras/ressequidas
|
166
|
80,2%
|
Evacuação difícil, forçada,
dolorosa
|
157
|
75,8%
|
Menos de três evacuações/semana
|
147
|
71,0%
|
Voltar ao
topo
Discussão
Este
estudo
apresentou
a
prevalência
da
constipação
intestinal,
35%(207), dentro
de
uma
amostra
de
592
sujeitos
moradores
de
um
bairro
de
Tramandaí,
RS,
a
Vila
São
Francisco
II,
estudada
entre
junho
e
dezembro
de
2002. Os
resultados
deste
estudo
estão
em
concordância
com
pesquisas
anteriores
sobre
constipação,
o
que
reforça
o
seu
significado.
A
constipação
neste
estudo
apresentou
associação
a
gênero,
mostrando
que
as
mulheres
têm
55%
mais
de
chance
de
serem
acometidas
que
os
homens.
Este
achado
é
reproduzido
em
outros
estudos
(
Sonnemberg,
1989)
.
Além
dos
fatores
físicos,
como
maior
atividade
física
e
maior
força
da
musculatura
abdominal
do
homem,
o
fator
cultural
é
importante
nesta
relação
(
Karam,
1994
)(12).
Em
relação
a
isso,
existem
inúmeros
fatores,
entre
eles,
o
papel
social
da
mulher,
que
interferem
na
sua
saúde
mental
(Simon,
2002)
(13).
As
mulheres
com
Síndrome
do
Cólon
Irritável
apresentam
queixas
intestinais
mais
relevantes
do
que
os
homens
com
a
mesma
patologia
em
mesmo
grau de
severidade.
Estas
diferenças
estão
relacionadas
ao
padrão
dos
processos
sensoriais,
respostas
autonômicas
e
hipervigilância
cognitiva
acentuada
nas
mulheres
(Lee)
(14).
Heitkemper
e
col.
(15)
examinaram
as
diferenças
entre
os
sexos
em
relação
à
motilidade
e
trânsito
intestinal,
sensibilidade
a
dor
visceral,
e
aos
cuidados
com
saúde
e
concluíram
que as
mulheres
são
mais
sensíveis,
buscam
mais
atenção
para
sua
saúde,
apresentam
motilidade
diferenciada,
tendo
trânsito
intestinal
mais
lento
que
os
homens.
Segundo
Hinds
(16)
o
tempo
de
trânsito
intestinal
é
maior
nas
mulheres
do
que
nos
homens.
Estas
evidências
explicam
em
parte
por
que
as
mulheres
têm
maior
chance
de
serem
constipadas
do
que
os
homens.
Esta
pesquisa
mostrou
que
a
ingestão
de
fibras
tem
influência
no
hábito
intestinal
dos
indivíduos,
sendo
que
a
menor
quantidade
de
fibras
ingeridas
está
associada
à
maior
prevalência
de
constipação
(p<0,001).
Os
estudos
internacionais
sobre
constipação
e
ingestão
de
fibras
alimentares
corroboram
com
estes
achados
(Sant´Anna
1999,
Sandler
1990,
Sonnemberg
1989,
McLung
1995,
Van
Der
Horst
1994).
As
doses
de
fibras
alimentares recomendadas,
20-35
g/dia
para
o
adulto
e
idade
em
anos
+
5
g/dia
para
crianças,
conforme
Marlett,
2002,
não
são
atingidas
devido
ao
baixo
consumo
de
alimentos
ricos
em
fibras,
como
frutas
,
legumes,
verduras,
cereais e
alguns
tipos
de
grãos(17).
Na
comunidade
estudada,
os
recursos
naturais
locais,
como
o
peixe,
eram
sub-utilizados,
sendo
ingerido
menos
de
quatro vezes
na
semana
em
92,6%
da
população
entrevistada,
apesar
de
parte
dos
chefes
de
família
desta
comunidade
sobreviverem
da
pesca
durante
o
inverno,
vendendo
seu
produto
para
adquirir
víveres
para
sobrevivência
(
IBGE,
1997).
Os
domicílios
possuíam
pátios
nos
quais
encontramos
áreas
de
terra
produtivas,
não
aproveitadas,
as
quais
poderiam
fornecer
verduras
e
leguminosas,
fontes
de
fibra
alimentar(
Van
Der
Horst,1994).
Conforme a
análise
dos
inventários
alimentares
deste
estudo,
os
peixes,
verduras
e
frutas
eram
pouco
freqüentes
no
cardápio
diário
desta
população,
o
qual
é
constituído,
principalmente,
de
farináceos
e
amido,
praticamente
isentos
de
fibras.
A
avaliação
da
escolaridade,
renda
familiar
em
relação
à
ingestão
de
fibras
alimentares,
mostrou
uma
associação
significativa.
Os
indivíduos
com
menor
renda
e
menor
grau
de
escolaridade
ingeriam
menos
quantidade
de
fibras
alimentares.
As
fibras alimentares
são
provenientes
em
grande
parte
das
frutas,
verduras
e
leguminosas
(
Van
Der
Horst,
1994;
Marlett,
2002). Um
trabalho de
orientação
especializada
pode
viabilizar
a
produção
destes
alimentos nas
próprias
áreas
de
terra
dos
domicílios
deste
bairro,
proporcionando
um
elemento
alimentar
saudável
e
que
pode
contribuir
para
a
redução
da
constipação
(
Egger,
1991).
Van
Der
Horst
e
Egger
apresentaram
trabalhos
que
demonstram
que
é
possível
reduzir
a
constipação
com
aumento
da
ingestão
de
fibras
alimentares,
e
que
pessoas
treinadas,
como
enfermeiras,
podem
orientar
a
população
sobre
hábitos
alimentares
e
de
vida
saudáveis.
Estas
atitudes
podem
baixar
o
custo
alimentar,
melhorar
a
qualidade
nutricional
e,
ainda
mais,
sendo
o fator
alimentar
importante
para
a
constipação
e
passível
de
ser
modificado,
esta
é
uma
forma
de
reduzir
a
prevalência
da
constipação
intestinal
nas
populações
mais
carentes
da
região
litorânea
do
Rio
Grande
do
Sul.
A
constipação
esteve
associada
ao
grau
de
escolaridade
e
renda
familiar.
Os
adultos,
acima
de
18
anos,
apresentaram mais
constipação
quanto
menor
a
renda
familiar
e
menos
anos
de
estudo
possuíam.
Estudos
como
de
Sonnemberg
1989,
e
Sandler
1990
apresentaram
resultados
similares
a
este
em
relação
ao
tempo
de
estudo
e
renda
associados
à
constipação
intestinal.
Trabalhos
anteriores
apresentaram
maior
prevalência
de
constipação
nos
idosos
(Sonnemberg
1989,
Sandler
1990).
Neste
estudo,
quando
os
indivíduos
foram
agrupados
em
quatro
grupos
etários,
quais
sejam,
até
11
anos,
12-29,
30-59,
e
de
60
anos
ou
mais,
a
prevalência
foi
respectivamente
30,5
%,
36,3
%
e
36,2
%
e
54,5
%
respectivamente.
Apesar
da
diferença
não
ser
significativa,
estes
resultados
são
equivalentes
aos
atingidos
nos
trabalhos
supra-citados,
estando
em
concordância
com
a
literatura
internacional.
Um
programa
de
avaliação
de
hábito
intestinal
e
alimentar,
com
orientação
nutricional
pode
ser
implementado
junto
aos
programas
já
em
andamento.
A
avaliação
dos
quatro
sintomas
que
caracterizam
a
constipação
intestinal
serve
de
padrão
para
o
seu
diagnóstico.
Estes
sintomas
são:
menos
de
três
evacuações
semanais;
sensação
de
evacuação
incompleta
em
mais
de
25%
das
vezes;
fezes
duras
em
mais
de
25%
das
vezes;
esforço
evacuatório
em
mais
de
25%
das
vezes.
A
coexistência
de
dois
ou
mais
sintomas
simultâneos,
dentre
os
citados
acima,
firma
o
diagnóstico
da
constipação
intestinal
(
critérios
de
ROMA
II)(10)
,
podendo
ser
identificada
por
pessoas
treinadas
dentro
da
comunidade,
por
profissionais
do PACS
ou
do
Programa
de
Saúde
da
Família
(PSF).
A
prevenção
pode
ser
implementada
com
orientações
nutricionais.
O
aumento
da
fibra
alimentar
na
dieta,
sem
prejuízo
da
ingestão
de
outros
nutrientes,
é
uma
medida
profilática
para
constipação
intestinal,
suas
conseqüências
e
doenças
associadas.
Uma
ação
muito
eficaz
e
simples
é
o
treinamento
da
evacuação
regular,
o
qual
pode
ser
orientado
por
médicos
ou
outros
profissionais
da
saúde
treinados
para
tal.
Estes
passos
devem
reduzir
a
prevalência
da
constipação
intestinal
e
suas
complicações,
sendo
uma
forma
de
prevenção
de
baixo
custo,
perfeitamente
viável
e
com
resultados
encorajadores.
A
Saúde
pública,
do
Estado
ou
Município,
poderia
realizar,
com
baixo
custo,
este
trabalho
de
educação
para
uma
alimentação
e
higiene
saudáveis,
com
resultados
alentadores,
pelo
menos
a
médio
e
longo
prazo.
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topo
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“Bread:
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topo
ANEXO
I
MANUAL DO ENTREVISTADOR
INTRODUÇÃO
Este
manual
provê
instruções
para
o
entrevistador
na
aplicação
dos
questionários.
Cada
entrevistador
deverá
ter
uma
cópia
para
referência
na
conduta
de
uma
entrevista,
e
sempre
que
surgir
alguma
dúvida
recorrer
a
ele.
Erros
no
preenchimento
do
questionário
podem
ser
evitados
se
você
consultar
o
manual.
O
questionário
foi
projetado
para
adultos,
escrito
para
pessoas
de
diferentes
níveis
de
educação,
cultura
e
inteligência.
É
simples
o
suficiente
para
que
pessoas
com
baixo
nível
cultural
possam
respondê-lo.
A
habilidade
de
ler
e
escrever
não
é
exigida.
Entrevistados com retardo mental
severo,
demência
severa,
psicoses
agudas
ou
outra
doença
física,
muito
limitante,
e
também
crianças,
podem
estar
impossibilitados
de
dar
respostas
significativas
ou
mesmo
de
responderem
ao
questionário,
sendo
então
a
entrevista
realizada
com
um
adulto
responsável
pelo
sujeito
em
questão.
Nos
casos
em
que
o
entrevistado
tiver
alguma
dificuldade
para
responder
poderá
ser
solicitada
ajuda
de
algum
familiar
presente.
Algumas
perguntas
podem
causar
embaraço
ao
entrevistador
e
ao
entrevistado.
Para
reduzir
este
risco,
todas
as
perguntas
devem
ser
feitas
com seriedade
e
em
local
"privativo".
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ESPECIFICAÇÕES
GERAIS
DA
ENTREVISTA
1 - Características da Entrevista
Entrevista
Padronizada
Entrevistas
padronizadas
são
utilizadas
em
pesquisas
nas
quais
são
levantadas
medidas
de
uma
amostra
de
indivíduos
para
descrever
as
características
de
uma
população.
As
perguntas
são
feitas
a
todos
os
entrevistados
utilizando
o
mesmo
método.
Estes
métodos
são
implementados
através
do
treinamento
do
entrevistador
nas
instruções
de
aplicação
e
formato
de
convenções
usadas
ao
longo
do
questionário.
Papel
do
Entrevistador
O
entrevistador
é
responsável,
principalmente,
em
fazer
as
perguntas
e
registrar
as
respostas
com
precisão.
Além
disso,
o
entrevistador
deve
determinar
se
o
entrevistado
está
produzindo
informação
conforme
pretendido
com
as
questões.
Isto
é
alcançado
através
de
uma
compreensão
completa
da
intenção
das
perguntas
e
atenção
às
respostas
obtidas.
Os
entrevistados
às
vezes
respondem
ao
que
eles
acham
que
o
entrevistador
iria
perguntar
e
imaginam
uma
pergunta
que inclua
uma
palavra-chave
que
tenha
lhe
chamado
a
atenção.
Escutando cuidadosamente as
respostas
dos
entrevistados,
estes
enganos
podem
ser
evitados.
Os
entrevistadores
devem
lembrar
que
uma
resposta
só
é
obtida
quando
o
entrevistado
entende
o
significado
da
pergunta
e
a
responde
adequadamente.
Finalmente,
o
entrevistador necessita
manter
a
entrevista
focada
no
seu
objetivo,
usando
técnicas
neutras
apropriadas
de
"feedback",
reforço.
Papel
do
Entervistado
O
papel
do
entrevistado
é
escutar
a
pergunta
inteira
e
dar
uma
resposta
completa
a
cada
pergunta.
O
entrevistado
também
deve
pedir
esclarecimentos
quando
necessário,
evitando
a
divagação,
e
focalizando
os
comentários
apenas
na
questão
feita
pelo
entrevistador.
2- Convenções do Questionário
A. Instruções Gerais:
Qualquer
coisa
escrita
entre
parênteses,
em
negrito
e
em
letra
maiúscula
é
instrução
para
o
entrevistador
e
não
deve
ser
lida
ao
entrevistado.
EXEMPLO:
(QUESTÕES 10 E 11 SOMENTE OBSERVAR)
Neste caso o entrevistador não lê
esta
frase
para
o
observado.
B. Instruções de Pulo:
Estas instruções estão
impressas
entre
parênteses,
em
negrito
e
em
letra
maiúscula ao lado das respostas.
EXEMPLO:
13.
O(a)
Sr(a)
sabe
ler
e
escrever?
1)
Sim
2)
Não (PULE
PARA
A
QUESTÃO
15)
Neste
caso,
se
a
resposta
é
Não,
o
entrevistador
pula
para a
questão
15
C. Convenções Tipográficas
São listadas convenções tipográficas
aqui
como
uma
referência
geral
para
o
entrevistador.
Flecha
´®´
O
que
estiver
escrito
no
questionário
precedido
pela
flecha
deverá
ser
dito
ao
entrevistado
de
maneira
informal,
ou
seja,
com
as
palavras
do
entrevistador,
visto
que estas
frases
destinam-se
a
introduzir
algum
assunto
da
maneira
mais
informal
possível.
Linhas
de
texto
livre
As
linhas
em
branco
servem
para
que
o
entrevistador
registre
em
palavras
a
resposta
do
entrevistado.
Estas linhas
existem
em
duas
situações:
1) Lugares
para
registrar
dados
de
identificação
e
localização
do
entrevistado.
EXEMPLO
5.
Qual
o
seu
nome?
___________________________
2)
Lugares
para
registrar
respostas
que
não
se
ajustam
às
alternativas
fornecidas.
EXEMPLO
15.
O(a)
Sr(a)
tem
religião?
(5)Outra.Qual?
______________________________
3 - Instruções
Gerais
do
Entrevistador
A.
Introdução
para
a
entrevista
Para que o entrevistado possa
prover
respostas
precisas,
devem
ser
comunicadas as metas da entrevista, assim
como
a
determinação
de
um
bom
tom
na
interação.
O
entrevistador
começa
a
fixar
o
tom
para
a
interação
durante
a
introdução
da
entrevista.
Várias
coisas
devem
ser
comunicadas
ao
entrevistado
na
introdução,
como:
1.
O
nome
do
entrevistador.
2.
Que
você,
entrevistador,
representa
uma
organização
legitima
e
respeitável,
no
caso,
o
Curso
de
Mestrado
em
Saúde
Coletiva
da
ULBRA
3.
Que
o
questionário
serve
para
colher
informações
para
uma
pesquisa
importante,
que
vale
a
pena.
4.
Que
a
participação
do
entrevistado
é
vital
para
o
sucesso
da
pesquisa.
EXEMPLO "Meu nome é
,
sou
Agente
de
Saúde
do
PSF.
Nós
estamos
fazendo
uma
pesquisa
de
saúde
com
a
população
deste
bairro
de
Tramandaí e eu
gostaria
de
lhe
fazer
algumas
perguntas.
A
sua
participação
é
muito
importante
para
sucesso
da
pesquisa”.
Isto
pode
ser
realizado
se
o
entrevistador
estiver
bem
informado
sobre
as
metas
da
pesquisa,
podendo
falar confortavelmente
sobre
o
conteúdo
do
questionário.
Também
é
importante
que
a
conduta
do
entrevistador
transmita
credibilidade.
A
seguir
estão
as
regras
gerais
do
entrevistador:
1. A
aproximação
do
entrevistador
deverá
ser
séria,
agradável
e
confiante
em
si
mesmo.
Nervosismo
por
parte
do
entrevistador
pode
fazer
o
entrevistado
sentir-se
intranqüilo.
2. O
entrevistador
deve
falar
lentamente
e
de
forma
clara
para
assim
fixar
o
tom
da
entrevista.
3. O
entrevistador
deve
se
aproximar
de
todos
os
entrevistados
amigavelmente
demonstrando
que
eles
são
importantes
para
a
pesquisa.
4. O entrevistador deve estar atento para o fato de que
diferentes
entrevistados
requerem
quantias
diferentes
de
informação
sobre
o
estudo;
os
entrevistadores
devem
ser
capazes
de
ajustar
a
introdução
da
entrevista
adequadamente.
Dica:
A
prática
standard
em
obtenção
de
dados
é
a
de
informar
ao
entrevistado
explicitamente
sobre
a
natureza
da
sua
participação.
Uma
declaração
como
esta
pode
ser
dita
ao
entrevistado:
"Eu
gostaria
de
lhe
deixar
bem
claro
que
esta
entrevista
é
confidencial;
o
que
o(a)
Senhor(a)
me
disser
será
utilizado
somente
para
a
pesquisa.
"
B.
Regras
para
Fazer
Perguntas
O uso de perguntas padronizadas em um questionário
é
essencial
para
manter
a
integridade
dos
dados.
Pequenas
divergências
na
formulação
e
na
ordenação
das
perguntas
afetam
as
respostas
do
entrevistado.
As
questões
devem
ser
lidas
para
o
entrevistado
exatamente
como
elas
aparecem
no
questionário.
As perguntas devem ser feitas uma de cada vez. Alguns
entrevistados
têm
dificuldade
para
compreender
perguntas
longas.
Perguntas
que
exijam
mais
de
uma
resposta
devem
ser
quebradas
em uma
série
de
perguntas
menores
para
ter
certeza
de
que
todas
as
partes
estão
cobertas
e
que
o
entrevistado
entendeu
a
pergunta
como
foi
escrita
originalmente.
EXEMPLO:
5. O(a)
Sr(a).
poderia
me
dizer
o
seu
endereço
completo?
Como
se
chega
até
a
sua
casa?
No
fim
de
semana,
em
que
horário
é
possível
lhe
encontrar
em
casa?
Neste
caso
deve
ser
feita
uma
pergunta
de
cada
vez,
anotando-se
a
resposta
antes
de
prosseguir.
Algumas vezes o entrevistado pode aborrecer-se com
algumas
perguntas
por
achar
que
não
se
aplicam
a
ele.
Neste
caso
o
entrevistador
deve
explicar
ao
entrevistado
que
é
muito
importante
fazer
todas
as
perguntas
do
questionário
a
todos
os
entrevistados
eleitos,
para
se
garantir
o
valor
científico.
EXEMPLO:
"O(a) Sr.(a) me disse antes
que
não
costuma
beber
mas
eu
ainda
preciso
lhe
fazer
estas
perguntas
como
está
escrito
no
meu
questionário.
"
É
essencial
que
o
entrevistador
não
faça
suposições
sobre
as
respostas
do
entrevistado.
Os
entrevistadores
desenvolvem
freqüentemente,
logo
de
início,
uma
sensação
forte
do
estilo
de
vida
ou
estabilidade
mental
do
entrevistado
na
entrevista
e
ficam
com
certeza que
algumas
respostas
a
algumas
perguntas
serão
negativas.
É
tentador
saltar
essas
perguntas
ou
apresentar
uma
frase
como:
"sei
que
provavelmente
isto
não
se
aplica
a
você,
mas...".
É
importante
não
fazer
tais
suposições
e
evitar
o
preconceito
para
respostas
negativas
inserindo
tal
comentário.
Práticas
como
estas
tornam
impossível
a
precisão
das
informações.
Antes
de
aceitar
uma
resposta
do
entrevistado,
o
entrevistador
deve
ter
certeza
de
que
ele
tenha
escutado toda
a
questão.
Isto
é
importante
para
assegurar
que
todos
os
conceitos
na
pergunta
estão
sendo
considerados
pelo
entrevistado.
Se
o
entrevistado
interrompe
o
entrevistador
antes
de
ouvir
a
pergunta
inteira, o
entrevistador
deve
repetir
a
pergunta
tendo
certeza
de
que
o
entrevistado
escutou-a
até
o
final.
O
entrevistador
não
deve
assumir
uma
resposta
prematura
a
uma
pergunta.
O entrevistador deve usar um tom de voz claro e agradável.
que
transmita
segurança,
interesse
e
realiza-la
de
forma
profissional.
As
perguntas
devem
ser
lidas
um
pouco
mais
lentamente
que o
convencional.
C.
Esclarecimento
de
Perguntas
e
Investigação
de
Respostas
Na entrevista estruturada, para todos os
entrevistados
são
feitas
as
mesmas
perguntas.
Esclarecimentos
só
são
feitos
quando
o
entrevistado
está
impossibilitado
de
responder
uma
pergunta
por
não
compreendê-la
total
ou
parcialmente.
Se
houver
dúvida
que
o
entrevistado
não
tenha
escutado
a
pergunta,
esta
deve
ser
repetida.
Por
exemplo,
se
a
resposta
do
entrevistado
parece ser
irrelevante
ou
não
parece
entender
todos
os
aspectos
da
pergunta,
a
pergunta
inteira
deve
ser
lida
novamente.
O
entrevistador deve
escutar
cuidadosamente
e
ter
certeza
de
que
entendeu
a
resposta
do
entrevistado
para
determinar
se o
esclarecimento
ou
investigações
são
necessários.
A regra geral quando o entrevistado dá uma resposta
do
tipo "eu
não
sei" é
investigar
mais
uma
vez,
repetindo
a
pergunta,
antes
de
aceitar.
Um
esforço
para
relembrar
deve
ser
encorajado
com
uma
investigação
do
tipo: "Tente
pensar
um
pouco”:
Se
um
entrevistado
parece
contradizer
o
que
disse
mais
cedo,
o
entrevistado
r
não
deverá
expressar
nem
descontentamento
nem
falta
de
credibilidade,
mas
deverá
pedir
clarificação
da
discrepância
e
revisar
a
codificação
da
resposta
prévia
ou
atual
como
necessário.
D.
Reforço
Reforço
é
feito
usando
frases
neutras
em
relação
ao
comportamento
do
entrevistado
ao
longo
da
entrevista.
É
um
modo
de
manter
o
controle
da
entrevista.
Embora
o
reforço
possa
ser
útil
para
manter
a
motivação
do
entrevistado
e
o
enfoque
na
tarefa,
há
um
perigo
de
influenciar
a
resposta
do
entrevistado
ao
usá-lo
demais.
O reforço pode servir para enfatizar o foco,
controlar
o
comportamento
do
entrevistado
e
desencorajar
a
divagação,
distração
e
investigações
impróprias
do
entrevistado.
1. Frases
sugeridas
para
entrevistadores
usarem
quando
entrevistados
agem
de
forma
inadequada,
como
pedir
conselhos,
informações,
ou
experiências
pessoais
do
entrevistador:
"Nesta
pesquisa,
nosso
interesse
é
conhecer suas experiências,
como
o(a)
Sr.(a)
pensa"
"Quando
nós
terminarmos,
podemos
conversar
sobre
isto
se
o(a)
Sr.{a)
quiser."
2. Frases
sugeridas
quando
o
entrevistado
inicia
a
se
desviar
das
perguntas
ou
fornecem
respostas
longas
ou
mais informações
que
é
necessário:
"Eu
tenho
muitas
outras
questões
para
perguntar,
assim
nós
deveríamos
passar
adiante
agora."
"Se
o(a)
Sr.(a)
quiser
falar
mais
sobre
isto,
nós
poderemos
conversar
mais
ao
término
da
entrevista."
Desatenção ou comportamento agressivo do
entrevistado
não
devem
ser
criticados
e
sim
desencorajados
através
de
esclarecimentos
e
investigações.
O
silêncio
pode
ser
uma
ferramenta
efetiva
para
desencorajar
respostas
impróprias
ou
conversação.
4-
REGISTRANDO
DADOS
E
FAZENDO
A
CODIFICAÇÃO
Entrevistadores devem preencher o questionário
sempre
usando
lápis
e
usar
borracha
para
correções.
A maioria das questões deve ser marcada com um X em
cima
do
número
que
corresponde
a
resposta
fornecida
pelo
entrevistado.
O
entrevistador
deve
estar
certo
de
que
cada
questão
tenha
apenas
uma
resposta
assinalada.
Se uma resposta incorreta é marcada porque o
entrevistado
mudou
de
idéia
ou
o
entrevistador
se
enganou,
o
mesmo
deve
apagar
a
resposta
errada
e
marcar
a
certa.
Se o entrevistador está incerto de como codificar
uma
resposta
ele
deve
registrar
toda
a
informação
a
fim
de
permitir
que
o
orientador
tome
uma
decisão.
Ele
também
deve
colocar
ponto
de
interrogação
(?)
na
margem
esquerda
da
pergunta
para
indicar
a
dúvida
para
o
orientador.
Às vezes o entrevistador precisa de mais espaço
para
registrar
uma
resposta.
Quando
isto
acontece
a
resposta
deve
ser
escrita
no
verso
da
folha, devidamente
identificada
pelo
número
da
pergunta.
Os
números
devem
ser
escritos
de
maneira
legível
e
não
devem
deixar
dúvidas.
Eles
devem
ser
escritos
assim:
A letra também deve ser legível, de preferência
escrever
com
letras
de
forma,
pois,
caso
contrário,
as
informações
não
poderão
ser
lidas.
Dados Perdidos
Se uma pergunta é pulada acidentalmente pelo
entrevistador
este
escreve
"PERDIDO"
na
margem
esquerda.
Isto
indica
ao
orientador
que
a
pergunta
não
foi
feita.
Durante
uma
entrevista,
se
o
entrevistador
percebe
que
ele
pulou
uma
questão,
ele
deve
voltar
e
fazer
a
pergunta.
Se
a
informação
perdida
só
for
percebida
depois
de
terminada
a
entrevista,
o
pesquisador
deve
decidir
se
irá
re-contatar
o
entrevistado
ou
se
irá
aceitar
o
dado
perdido.
Recusas em responder uma questão devem ser sempre
registradas.
O
entrevistador
deve
escrever
"RECUSADA"
na
margem
esquerda
da
pergunta.
Logo
após
completar
a
entrevista
o
pesquisador
deve
fazer
a
codificação.
Esta
é
feita
na
margem
direita
do
questionário.
O
uso
da
coluna
da
direita
do
questionário
para
outras
anotações
fica
vetado.
Complete os campos de codificação com 8, 88, 888,
dependendo
do
tamanho
do
campo
para
a
variável
se
a
resposta
for
"NÃO
SE
APLICA"
(NSA).
Somente
quando
a
resposta
for
"PERDIDA"
(ignorada)
preencha
com
9,
99,
999.
Perguntas perdidas são discutidas com o orientador a
fim
de
melhorar
as
habilidades
do
entrevistador.
Este
pode
ser
instruído
a
re-contatar
o
entrevistado
para
fazer
perguntas
vitais.
Se
a
informação
for
recobrada,
o
código
9
é
retirado
e
a
informação
correta
é
registrada.
Antes de aceitar uma resposta como
"PERDIDA"
(ignorada),
código
9,
tente
obter
uma
resposta
do
entrevistado.
Os
códigos
que
permanecem
são
tratados
como
dados
perdidos,
não
servem
para
nada.
Por
isto,
o
entrevistador
deverá
fazer
tudo
ao
seu
alcance
para
obter
respostas
reais
e
válidas
do
entrevistado.
Reuniões periódicas serão agendadas de comum
acordo
para
esclarecimentos
e
revisões
de
questionários
e
para
entrega
dos
que
já
estiverem
completos
ao
orientador.
5- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Os critérios de exclusão devem ser avaliados
cuidadosamente
antes
de
se
começar
uma
entrevista
pois
será
trabalho
perdido
entrevistar
uma
pessoa
para
qual
a
pesquisa
não
se
destina.
Nos domicílios, que devem ser residenciais, todos
moradores
são
avaliados
quanto
aos
critérios
de
exclusão
e
são
candidatos
a
serem
entrevistados,
Excluir:
- crianças
menores
de
um
ano
completo;
- Indivíduos
que
sofreram
cirurgias
abdominais,
na
barriga,
de
intestino,
que
não
cesarianas
ou
lesões
de
pele,
lipomas
e
cistos
de
sub-cutâneo;
- Usuários
crônicos
de
laxativos,
pessoas
que
nos
últimos
três
meses
tenham
usado
constantemente
produtos
laxativos.
6-
SELEÇÃO
DOS
ENTREVISTADOS
Para evitar o “viés de seleção” no bairro
estudado,
é
importante
que
as
pessoas
da
amostra
da
população-alvo
sejam
incluídas
no
estudo
com
o
mínimo
de
perdas
ou
recusas,
pois justamente
estas
pessoas
podem
apresentar
características
que
mudariam
a
pesquisa.
Para
isto
alguns
cuidados
são
necessários:
Seleção dos domicílios, todos residentes.
7-
CONSIDERAÇÕES
IMPORTANTES
O entrevistador deve usar vestuário de rotina do seu
trabalho,
com
identificação
de
Agente
de
Saúde
no
momento
da
entrevista.
Deve
sempre
portar
consigo,
além
do
questionário,
o
manual
de
instruções,
dois
(2)
lápis,
uma
(1)
borracha,
um
(1)
apontador
e
uma
prancheta
para
apoiar
o
questionário
enquanto
preenche.
Deve
também
levar
a
carta
de
apresentação
e
o
Termo
de
Consentimento
Informado, e
a
pasta
para
arquivar
os
questionários
já
completados.
O "Controle de Qualidade", sob a
responsabilidade
do
pesquisador
principal, será
realizado
em
10%
dos
entrevistados
escolhidos
por
sorteio
dos
questionários
completos.
Serão
refeitas
algumas
perguntas
do
questionário
aleatoriamente.
Ele
irá,
então,
comentar
com
cada
um
dos
entrevistadores
sobre
possíveis
discordâncias
entre
as
respostas.
8- ESPECIFICAÇÕES PERGUNTA - POR - PERGUNTA
1-questionário ___
Deverá ser deixada em branco, será preenchida pelo
digitador
ao
entrar
com
os
questionários
no
programa
de
digitação
no
computador.
2-data da entrevista ___/___/______
Registre a data no formato dia(99)/mês(99)/ano(9999)
nome _______________________________________
Informe o nome completo do Entrevistado sem abreviações.
sexo ( 1 ) masculino (2) feminino
Codifique 1 para homens, e 2 para mulheres
cor ( 1 ) branco (2) não branco
Codifique 1 para pessoas de pele branca, e 2 para os
demais
data de nascimento ___/___/______
Registre a data de nascimento do Entrevistado no
formato
dia(99)/mês(99)/ano(9999)
endereço ______________________________________
Registre o endereço do domicílio do Entrevistado.
Todos
questionários
realizados
no
mesmo
domicílio
devem
ter
o
mesmo
endereço
fone ______________
Registre o telefone do Entrevistado, se este tiver
um.
Caso
tenha
um
residencial
e
um
celular,
dê
preferência
ao
domiciliar
ponto de referência
______________________________________
Um ponto de referência para o domicílio. Trata-se
de
qualquer
edificação
ou
característica
fixa
e
permanente
do
local
do
domicílio.
(colégio,
instituição
ou
marco,
monumento
ou
etc...,
em
frente,
ao
lado,
nos
fundos
ou
próximo
ao
domicílio
em
questão)
ocupação
____________________________________________
Registre a ocupação atual do sujeito da entrevista.
escolaridade ___ anos
Registre a escolaridade do mesmo em anos completos de
estudo
renda familiar R$ _________,____ reais
Estabeleça com o entrevistado responsável pelo
domicílio
em
investigação
a
renda
familiar
total
aproximada
ou
exata
se
possível,
sendo
esta
a
mesma
para
todos
questionários
do
mesmo
domicílio
água ( 1 ) encanada (2) poço (3) bica
Registre 1 para água encanada da Corsan, 2 para água
de
poço
e
3
para
água
proveniente
de
bica
banheiro (1 ) em casa (2) casinha
Registre 1 se houver banheiro com esgoto ou fossa no
interior
da
casa
e
2
para
banheiro
ou
latrina
comum
fora
da
casa
(PERGUNTAR SOMENTE PARA CRIANÇAS ATÉ SETE ANOS)
Para crianças, jovens e adultos acima de sete anos,
salte
as
quatro
próximas
questões.
com que idade < criança> parou de fazer xixi
nas
fraldas
___
meses
Registre a idade em meses em que a criança parou de
urinar
nas
fraldas,
pedindo
para
ir
ao
banheiro
ou
tirando
sozinha
as
fraldas
para
urinar
como foi o controle do xixi (1) difícil (2) mais ou
menos
(3)
fácil
Estabeleça com o entrevistado que estiver
respondendo
pelo
sujeito
da
entrevista
se
este
fato
acima
foi
de
dificuldade
1,
grande,
2
média,
3
não
apresentou
dificuldade
alguma
com que idade <> parou de fazer cocô nas
fraldas
___
meses
Registre a idade em meses em que a criança parou de
fazer
cocô
nas
fraldas,
pedindo
para
ir
ao
banheiro
ou
tirando
sozinha
as
fraldas
para
fazer
cocô
como foi o controle do cocô (1) difícil (2) mais ou
menos
(3)
fácil
Estabeleça com o entrevistado que estiver
respondendo
pelo
sujeito
da
entrevista
se
este
fato
acima
foi
de
dificuldade
1,
grande,
2
média,
3
não
apresentou
dificuldade
alguma
Agora
vamos
falar
sobre
a
tua
alimentação
na
última
semana
Informe ao entrevistado que as questões a seguir
referem-se
à
ingestão
dos
seguintes
alimentos
durante
a
última
semana,
devendo
o
mesmo
dizer
quantos
dias
da
semana
foi
incluído
em
alguma
das
refeições
diárias
cada
um
dos
alimentos
listados
Quantos dias tu incluíste os seguintes alimentos na
tua
refeição
diária
durante
a
última
semana?
(0-7)
Frutas ( ) Verduras ) Grãos ( ) Doces ( ) Pães ( )
Carnes (boi) ( ) Aves) Peixe ( )
Massas, arroz, batata ( )
Agora
vamos
falar
um
pouco
sobre
o
funcionamento
do
teu
intestino
Informe ao entrevistado que as próximas questões
referem-se
ao
ato
defecatório,
evacuação
especificamente,
ou
seja,
a
função
intestinal
Nos
últimos
três
meses,
tu
evacuas
menos
de
três
(03)
vezes
por
semana?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Nos últimos três meses tu sentes que a evacuação
não
foi
completa
na
maioria
das
vezes?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Nos últimos três meses, tuas fezes são duras ou
ressequidas
na
maioria
das
vezes?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
Nos últimos três meses, tuas evacuações são difíceis,
forçadas
ou
com
dor
na
maioria
das
vezes?
( 1 ) Sim ( 2 ) Não
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